sexta-feira, 13 de março de 2015

Você surgiu como uma esperança brilhante que, chegando perto, aquecia. Você amanheceu a minha vida numa sexta-feira fria de um novembro tão distante quanto as estrelas e quando sorriu iluminou o mundo inteiro.
Deu luz a uma menina de coração machucado e rebelde, que ia embora todas as vezes que via a liberdade ameaçada. Fez enxergar uma alma amarrada que as algemas eram de papel, e que a dor toda que sentia quando, ora apertava, ora afrouxava os pulsos, nada mais era que imaginação.
Você surgiu como um suspiro depois de longas horas de choro no travesseiro. Como arco-iris depois da trovoada. Você surgiu como quem dá um agasalho quentinho a alguém que treme de frio e se encolhe abraçando as pernas em busca de calor.
Era essa a sensação. A segurança extrema que eu sentia com você. O amor da minha vida, e eu imaginava, inteirinha. Que estava ali sorrindo e chegando como quem pergunta "tem lugar pra mim?" puxando a cadeira e se sentando, ao meu lado na vida.
Você aconteceu. E acontece ainda, cada dia, todo dia, dia-após-dia. E precisamos nos confessar que dias melhores virão, mas os dias difíceis, são teimosos, e permanecem. A gente precisa parar com a hipocrisia, meu amor.
Nós dois sabemos, eu sei, que essas coisas românticas todas foram inventadas no meio do nosso acontecer, sem velas e bombons. Não tivemos tempo pro conta de fadas.
Você sempre diz que vai ficar tudo bem, sem saber como. Sempre diz que as coisas vão melhorar sem saber o que está dizendo.
Eu fiz errado. Eu fui errada. Eu surgi errado, aconteci do avesso e me perdi completamente no meio de nós dois, ou vocês dois, não sei mais. Eu te filtrei por outros olhos, te enxerguei por outros motivos e nutri magoas que não me pertenciam. Eu estraguei, quase, tudo. Mas eu vi, eu senti, eu morri.
Nós dois sabemos que o nosso 'era uma vez" nunca foi nosso e só nosso. Quando penso nisso a dor desatina a correr minhas lembranças das suas chegadas. É amor? foi amor?
Em que bagunça a gente se perdeu?
Você é o acordar do pesadelo. A parte boa do sonho. A cor das coisas.
A segurança extrema acabou. Faz tempo. Mas o amor da minha vida, eu ainda penso, inteirinha, é você. O problema é não sufocar mais.
O problema é que eu ainda sou aquela menina, já amanhecida e iluminada, mas ainda aquela que quando vai embora não volta mais.
Por melhores beijos e abraços e afagos. Por menos piores que sejam os momentos ruins que passei, por estar com você. E com você eu estive muito mais que estive comigo. Por maiores que sejam os meus sentimentos com você, e os meus vazios sem seu nome, eu ainda sou quem não olha para traz.
A verdade inteira das palavras é que, eu ainda não fui.
Mas sinto que estou cada vez mais perto da porta.

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