Era  fim de tarde de uma quinta feira. Nada mais era como deveria ser. Eu não estava mais onde achei que fosse estar, muito menos com quem eu queria estar, mas eu estava e isso era tudo o que importava. Sem dramas nem manhas nem apegos desnecessários. Decidi minha vida inteira em poucos segundos, deixei o medo pra traz, fiz meu próprio destino.
Eu devia fugir para o Rio de Janeiro, viver com o grande amor da minha vida que nem suspeita o que significa pra mim. Eu deveria viver mais intensamente essa minha fase boa e vazia de estar feliz por estar sozinha. Eu devia tanta coisa que não faço. Eu devia me calar as vezes.
- Não te conheço menina, como eu posso confiar em você?
- Exatamente por não me conhecer que você deveria confiar em mim.
Enfim, não adianta mais tentar explicar  o inexplicável. Fazer um caça às bruxas por quem me enganou. Eu mesma me enganei tantas vezes, eu sempre soube onde tudo iria acabar, onde cada passo iria dar, e mesmo assim eu fui. E continuo indo, porque, não sei, prefiro continuar tentando preencher esse vazio todo que só me conformar. Não sei ate onde posso culpar as pessoas por não confiarem nessa minha segurança e liberdade, nem eu mesma sei o quanto delas é verdade e quanto eu inventei para que continuar não doesse tanto.
Eu fiz minhas escolhas.E cada uma delas era um suplica particular por mim mesma. Eu escolhi não ligar, escolhi não esperar, escolhi escrever, escolhi acreditar.
Sempre foi por amor, sempre vai ser por amor. Cada vez que eu gritar que não é por amor, continuará sendo apenas em busca de amor. De amar. De me sentir capaz uma única vez de enxergar uma beleza ainda oculta aos meus olhos. De sentir o sabor amargo do amor. Amargo porque é forte. Amargo porque é real. Amargo, porque todo remédio que cura dor é amargo e ainda não inventaram analgésico melhor para as dores da alma que esse tal amor.
Acho que procuro amor no café forte que eu tomo sozinha lendo um drama qualquer em noite de insônia.
Por isso eu continuo, tentando, eternamente. Só pelo amor.